segunda-feira, 22 de março de 2010

Apendicite, conium m

Caso 2 (Apendicite aguda - Conium maculatum)


Uma paciente que tomou Sepia, ficou afastada das consultas por um período de 5 anos. Dava notícias por telefone, porque "adoecia" muito pouco e saía de tudo com uma dose de Sepia. Quando voltou a consulta relatando nódulo cístico no seio, mioma uterino e cisto no ovário.

Ao final do relato chamou-me a atenção a temática da relação familiar manifestada pela paciente: da insatisfação com o casamento, da necessidade de ser independente das pessoas às quais estava ligada afetivamente (marido, namorados), de não gostar que ficassem dirigindo sua vida, de se sentir invadida por estas pessoas. O fato de nunca ter pensado em engravidar e ao mesmo tempo da sensação de se sentir "absoluta" com o nascimento da filha, sempre cuidando dela como pai e mãe.

Apresentando também tumor tanto no seio quanto útero, cisto de ovário e também uma intolerância a bebidas alcoólicas. Associei tudo isto ao entendimento de Conium, de querer criar independentemente, sem parceria, de recusar a colaboração para gerar e da sua afinidade por órgãos ligados a gerativa, útero, ovário, mama. Com esta sintomatologia, dei uma dose de Conium 1MFC.

Dois meses após esta prescrição a paciente ligou com violenta dor na articulação do ombro direito que impossibilitava os movimentos do braço. Como não tinha nenhuma dose de Conium para lhe ministrar, fiz uso de Rhus t.30CH, para alívio da dor intensa. A melhora foi em questão de horas, o que maravilhou a paciente.

Duas semanas após, esta paciente liga às 6h da manhã, relatando náuseas seguidas de vómito, febre de 37.5, intensa dor abdominal que a impedia de se locomover e a mantinha dobrada sobre o abdomen. Solicitei que fosse ao consultório para exame e confirmei a minha suspeita de apendicite aguda. Já no consultório dei uma dose de Conium 10MFC, (feito às 9h:30), solicitei exames de rotina para abdomem agudo (raio x , hemograma completo, ultra sonografia abdominal). Junto a isto o parecer de um colega cirurgião, que confirmou o diagnóstico, solicitando internamento para exames.

18h. Rotina de abdome agudo: sinais de distensão do intestino delgado com níveis hidroaéreos e desvio das alças do intestino delgado para o flanco e a fossa ilíaca direita. 20h. US abdominal e pélvico: líquido livre FID, observando-se formação tubular em fundo de saco cego, aperistáltica, com 11mm de diâmetro, originando-se da base do ceco (Apendice).

Hemograma: leucócitos 16.400/mm3; segmentados 90%; bastões 2%; 45 VHS=42

Diagnóstico: apendicite aguda.

Nova consulta, às 2h, a paciente refere estar sem dor espontânea. Não apresenta posição antálgica. Apetite presente. Ao exame: abdomem flácido, indolor à palpação, referindo apenas um leve incómodo à palpação profunda. Ausência de sinais de irritação peritonial. Peristalse presente. Conduta: observação.

09h:30 - Paciente assintomática, apetite presente. Ao exame; abdomem flácido, indolor à palpação, sem qualquer incómodo à palpação profunda. Peristalse presente.

Hemograma (07h:50) - leucócitos 9.060/mm3; segmentados 73%; bastões 02%; lifócitos 18%.

Rotina de abdomem agudo - presença de fezes no cólon direito. Ausência de sinais de distensão do intestino delgado, distribuição homogénea das alças intestinais. Conduta: alta hospitalar.

Este caso demonstra que a prescrição pela dinâmica miasmática que deve englobar a totalidade do indivíduo é perfeitamente possível num caso agudo.

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